Breve Histórico da Cooperativa Reluz
A Cooperativa de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis Reluz, de São Bernardo do Campo, tem em sua origem o antigo lixão do Alvarenga que funcionou na divisa entre São Bernardo do Campo e Diadema desde início da década de 70 até início da década de 2000.

Após denúncia do Ministério Público, o lixão do Alvarenga teve de ser fechado. Na época, havia muitas crianças que trabalhavam neste lixão junto com seu pais e, por este motivo, a UNICEF em parceria com o Instituto Polis lança em 1998 o Fórum Nacional Lixo e Cidadania, que deu origem ao Programa Lixo e Cidadania. O Programa Lixo e Cidadania foi uma das iniciativas que deram início a percepção da necessidade de construção de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Nesta época, sem uma política de Resíduos Sólidos e uma concepção de cidadania e preservação do meio ambiente bastante atrasada, os “trabalhadores do lixão” atuavam neste espaço se alimentando muitas vezes do alimento que encontravam em meio aos materiais recicláveis que apanhavam para comercializar.

A UNICEF, sensível à situação das crianças que viviam no lixão começa a pressionar o governo para que aquela realidade fosse mudada, e as crianças não fossem vítimas dessa situação. A frase proferida na época era: “CRIANÇA NO LIXO NUNCA MAIS”.

A Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo, a partir do cadastro de 47 famílias do Programa Renda Mínima do município, que trabalhavam no lixão do Alvarenga, começa a doar cestas básicas e em parceria com o SESI, as crianças passam a estudar nesta instituição. E, as crianças menores pertencentes as famílias de catadores do lixão passam a ser atendidas em creches do município.

A Prefeitura do município de São Bernardo do Campo, após fechamento do Lixão do Alvarenga em parceria com o SEBRAE e SENAI, começa a disponibilizar cursos de capacitação para os catadores do município. Enquanto realizavam as capacitações, a Prefeitura de São Bernardo constrói um galpão para os catadores e catadoras realizarem a triagem e preparação para a comercialização, dos materiais recicláveis, na Rua Batuíra, 256, no bairro Assunção.

Nesse galpão, inaugurado em 06 de fevereiro de 2001, foram construídos vestiários, ambulatório, sala de reunião, refeitório e escritório e veio equipado com prensa e balança mas sem esteira e os materiais eram triados no chão. Para organizar esse processo e contribuir para a melhoria das condições de vida dos catadores e catadoras, foi formada a Associação REFAZENDO, que contava na ocasião com 22 catadores e catadoras.

Após a triagem e a prensagem dos fardos, esses materiais eram comercializados diretamente com os intermediários atravessadores que exploravam os catadores e catadoras pagando preços muito baixos, que mal dava para a alimentação dos associados. Por mês, cada catador ganhava cerca de R$ 18,00 (dezoito reais). A Prefeitura, diante da situação, entregava uma cesta básica e vale transporte para que os catadores e catadoras pudessem continuar trabalhando.

Para aumentar a renda a Refazendo começa a comercializar em rede junto com a Cooperativa de Catadores e Catadoras da Granja Julieta, no município de São Paulo.

Em 2008, junto com outros grupos de catadores do Grande ABC, funda a Coopcent ABC, cooperativa de segundo grau, que possibilita a comercialização dos materiais em rede dos grupos do grande ABC, diretamente com a indústria, melhorando as condições de renda, e a organização dos catadores na região.

Em 2009, assume a Prefeitura de São Bernardo do Campo, o Prefeito Luiz Marinho, que tem entre suas propostas de governo a construção de uma usina de incineração no município, na região do Grande Alvarenga. O que para os catadores e catadoras do ABC e do Estado de São Paulo, era uma grande ameaça, uma vez que se conseguisse instalar essa usina de incineração em SBC, a ideia poderia se alastrar por todo estado, e também para o Brasil, gerando prejuízos às cooperativas de catadores, pelo fato dessas incineradoras utilizarem materiais passiveis de serem recicláveis para o funcionamento de seus processos de combustão.

Com a organização de todos grupos de catadores e catadoras do Grande ABC, por meio da Coopcent ABC, começa uma luta contra a incineração que mobilizou diversos grupos de catadores do Estado de São Paulo, sindicatos de professores, metalúrgicos, funcionários públicos, construção civil entre outros se conseguiu, pelo menos naquele momento, evitar que aquela iniciativa fosse instalada no município.

Foram realizada alguns atos e passeatas na cidade de São Bernardo do Campo, com a participação de grupos de catadores do Estado de São Paulo, do MNCR, com representantes do Rio de Janeiro e de outros estados, para pressionar a Prefeitura de São Bernardo para não ir avante com a implantação da incineração no município.

Em abril de 2013, foi realizado um debate na Universidade Metodista, que colocou frente a frente Tarcísio Secoli, Secretário de Serviços Urbanos do Município, defensor da incineração e Dan Moche Schineider, contra a incineração. Em maio de 2013 inicia-se a construção do Galpão na Estrada da Cooperativa, e em junho inicia-se a coleta seletiva porta a porta no bairro Rudge Ramos. Para o Galpão da Estrada da Cooperativa é encaminhado o Grupo Raio de Luz, que se originou da Refazendo, que estava localizado no piscinão do Rudge Ramos. A incineração deixa de ser bandeira da Prefeitura e a coleta seletiva passa a ocupar este espaço.

Com a ajuda da logística solidária fornecida pela Coopcent ABC, e outras contribuições, a Associação Refazendo foi se desenvolvendo, e até chegar em 29 de abril de 2010 a se constituir na Cooperativa Reluz.. Em julho de 2014, a Reluz é transferida para um novo galpão que estava sendo ocupada pela Cooperluz, da Estrada da Cooperativa, 711B – Bairro Cooperativa – SBC.

Apesar de ter realizado a Assembleia de Fundação em abril de 2010, somente em fevereiro de 2016, conseguiu formalmente se transformar em Cooperativa.

Hoje, outubro de 2016, a Cooperativa Reluz conta com 42 cooperados e cooperadas.

Apresentação RELUZ

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